segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

amor feinho

Mangaratiba - RJ, 2008
 
Eu quero amor feinho.
Amor feinho não olha um pro outro.
Uma vez encontrado, é igual fé,
não teologa mais.
Duro de forte, o amor feinho é magro, doido por sexo
e filhos tem os quantos haja.
Tudo que não fala, faz.
Planta beijo de três cores ao redor da casa
e saudade roxa e branca,
da comum e da dobrada.
Amor feinho é bom porque não fica velho.
Cuida do essencial; o que brilha nos olhos é o que é:
 eu sou homem você é mulher.
 Amor feinho não tem ilusão,
 o que ele tem é esperança:
eu quero amor feinho.
(Adélia Prado)

um tanto de gente

Conceição do Mato Dentro - MG, 2010 foto: Gigi

Tenho medo de quem usa muita roupa
De gente que cobre o pés, as pernas, o peito e o pescoço
De gente que sai prevenida, com remédio pra dor de cabeça, guarda-chuva e para raio
Com a bolsa do tamanho de seus problemas
Gente que não sabe tomar chuva de verão
Nem esperar a primeira estrela aparecer
Gente muda de bom-dias ensolarados e de convites divertidos
Que desconhece o próprio corpo e lhe proíbe as comidas favoritas
Que não sabe usar perfumes depois do banho, nem levantar os pés quando chega do trabalho

Tenho medo de gente que tenta ser normal (porque normal não existe)
Que tenta fazer tudo certinho
Pra impressionar a mãe, o vizinho, o padre e o casamento feliz
E um dia descobre que ficou velho

Tenho medo de gente que tem medo de amar
De gente que não dança, que não se abraça quando tá contente
Gente sem contato humano, sem conhecimento humano
No dia em que aprendermos que o outro é tão igual
Seremos menos egoístas com nossos sentimentos iguais.

Tenho medo de quem só se casa uma vez
Bom seria casar uma vez por ano, uma vez por mês
Ainda que com a mesma pessoa, todos os dias.
Uma lua-de-mel não programada
Uma viagem do tapete ao sofá à cama e, de novo, ao tapete.

Tenho medo de gente que tem copos para visita
Que não bebe na taça mais linda todos os dias
Que deixa a toalha de renda mofar na gaveta esperando o natal
Que espera a tragedia pra homenagear
E o tempo passar pra arrepender.

Tenho medo de quem ri muito e de quem ri pouco
Medo de olho gordo e pessoas pesadas
Medo de conversa de elevador
E de conversa pra boi dormir

Posso ser uma por dia
Duas por dia
Ou tudo que sou em uma noite só
Se no dia seguinte eu puder dormir até o sol se por
Posso me equilibrar em muros e meio frios
Trepar em árvores e mergulhar de cabeça
Posso pensar até dormir ou não dormir de tanto pensar
Amar loucamente, casar e separar num único olhar
Dormir de meias, dançar na frente do espelho músicas imaginárias
Posso ouvir, ouvir, ouvir, o que se fala, o que se canta e o que se cala
Ser cúmplice numa torta de morango ou numa viagem sem destino
Posso andar em bando ou em banda
Sozinha ou comigo mesma

E quando eu tiver medo, eu posso correr.

(desconheço a fonte, mas a água é limpa.)

sexta-feira, 28 de janeiro de 2011

ô pai, toca preu rodar

foto: Kika Antunes      www.kikaantunes.com.br








                                                                         
música: Raquel Coutinho, Hanna e Lênis Rino, Bruno Couto e Jongui

tomadas e gavetas

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Há um vilarejo ali
Onde areja um vento bom
Na varanda, quem descansa
Vê o horizonte deitar no chão
Pra acalmar o coração
Lá o mundo tem razão
Terra de heróis, lares de mãe
Paraiso se mudou para lá
Por cima das casas, cal
Frutas em qualquer quintal
Peitos fartos, filhos fortes
Sonho semeando o mundo real
Toda gente cabe lá
Palestina, Shangri-lá
Vem andar e voa
Vem andar e voa
Vem andar e voa
Lá o tempo espera
Lá é primavera
Portas e janelas ficam sempre abertas
Em todas as mesas, pão
Flores enfeitando
Os caminhos, os vestidos, os destinos
E essa canção
Tem um verdadeiro amor
Para quando você for 

(cláássica. Vilarejo. Carlinhos Brown.)

quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

dá-se um jeito


foto: Fabiano Menezes

em caso de dor ponha gelo
mude o corte de cabelo
mude como modelo
vá ao cinema dê um sorriso
ainda que amarelo esqueça seu cotovelo
se amargo foi já ter sido
troque já esse vestido
troque o padrão do tecido
saia do sério deixe os critérios
siga todos os sentidos
faça fazer sentido
a cada mil lágrimas sai um milagre
caso de tristeza vire a mesa
coma só a sobremesa coma somente a cereja
jogue para cima faça cena
cante as rimas de um poema
sofra penas viva apenas
sendo só fissura ou loucura
quem sabe casando cura ninguém sabe o que procura
faça uma novena reze um terço
caia fora do contexto invente seu endereço
a cada mil lágrimas sai um milagre
mas se apesar de banal
chorar for inevitável sinta o gosto do sal do sal do sal
sinta o gosto do sal
gota a gota, uma a uma
duas, três, dez, cem mil lágrimas
sinta o milagre
a cada mil lágrimas sai um milagre
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 Milágrimas de Alice Ruiz e Itamar Assumpção

ouça:
http://www.youtube.com/watch?v=61WEQUjiXas

segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

domingo, 23 de janeiro de 2011

guimarância rosa

Milho Verde - MG, 2005
sozinho sou, sendo, de sozinho careço, sempre nas estreitas horas - isso procuro.

quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

a tessitura da memória


                                                                                                     coleção Morgana Marla, 2010

quarta-feira, 19 de janeiro de 2011

dando laço em gota d`água

obras selecionadas da 29ª Bienal de São Paulo, estão em BH

"Há sempre um copo de mar para um homem navegar"

 

Inimigos, desehos do pernambucano Gil Vicente.
 entrada franca.
vale uma tarde do seu Janeiro.

mais inf.:
http://www.fcs.mg.gov.br/agenda/1957,29%C2%AA-bienal-de-sao-paulo-obras-selecionadas.aspx

segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

com direito à pipoqueiro na porta !



Toda vez que se inaugura um palco, os Deuses do Teatro ficam contentes e festejam.
Não porque ganharam um novo templo, são Deuses humildes, não querem ser adorados.
Nem gostam.
Mas porque sabem que assim os homens ao redor serão mais felizes.
Terão ali a oportunidade rara de assistir a própria grandeza, de ver espelhada ali a sua própria grandeza.
Ali serão vividas grandes amizades e amores.
Ali todos trabalharão juntos, criando acontecimentos que jamais ocorreriam sem o palco.
O palco sabe que não é apenas tábuas no chão.
Que é um gerador de significados.
Ali é o lugar onde a imaginação ficará livre, sendo a imaginação o único campo em que um homem é realmente livre.
Ali serão discutidos os problemas da comunidade, porque o palco sempre foi a melhor tribuna.
Ali, homens diante de homens falarão de sua alma. 
Discutirão e compartilharão alegrias e tristezas como se fossem um só.
Trabalharão alegremente por um mundo melhor e mais solidário.
Inaugurar um teatro é criar uma ilha de liberdade.
De lucidez.
De solidariedade (nada une mais as pessoas do que o teatro).
Não é somente um local de diversão.
É isso também.
Mas, principalmente, é um lugar de reflexão, de descoberta, de revolução e de encontro com o outro. 
(Hino à arte - Domingos Oliveira)

sábado, 15 de janeiro de 2011

aquieta

crédito de  São João Del Rei - MG, 2009
PODE SER QUE EU DIGA
OU QUE TALVEZ ME CALE
DIANTE DA DÚVIDA
...
É ASSIM
ORA INTENSO, ORA APÁTICO
QUEM SABE CHEGA
QUEM SABE PÁRA
por Isabela Coelho

não se engane com as palavras


 
de capacete, cate os versos perdidos no  Municipal. essas árvores ... cuidado! podem estar podres.


                                                               fotos:   espetáculo "Proibido Deitar",  FIT - BH -  2010

quarta-feira, 12 de janeiro de 2011

domingo, 9 de janeiro de 2011

verão em BH

O NEGRO A FLOR E O ROSARIO 
Vencedor do prêmio simparc 2010 como melhor trilha sonora.

Quem já viu, pode ver outra vez que tem novidade.
Quem ainda não viu, está aí a oportunidade. 
 Espalhem a palavra!

37ª Campanha de Popularização do Teatro e da Dança

Espetáculo: O NEGRO, A FLOR E O ROSÁRIO

Quinta a Sábado - 21h / Domingo: 20h
Local: Espaço Cultural Tambor Mineiro
Postos Sinparc: R$12 - preço único / Na porta: R$25 inteira e R$12,50 meia

www.sinparc.com.br

segunda-feira, 3 de janeiro de 2011

Liz: Eu a-cre-di-to em vo-cê !

Fando e Liz, do espanhol Fernando Arrabal. CEFAR, 2010 Foto: Yasmin.
Não falo do AMOR romântico, aquelas paixões meladas de tristeza e sofrimento. Relações de dependência e submissão, paixões tristes. Algumas pessoas confundem isso com AMOR. Chamam de AMOR esse querer escravo, e pensam que o AMOR é alguma coisa que pode ser definida, explicada, entendida, julgada. Pensam que o AMOR já estava pronto, formatado, inteiro, antes de ser experimentado. Mas é exatamente o oposto, para mim, que o amor manifesta. A virtude do AMOR é sua capacidade potencial de ser construído, inventado e modificado. O AMOR está em movimento eterno, em velocidade infinita. (Paulino Moska)

desafios

                                               48 horas sem julgar ninguém. você consegue ??!